Empreendedorismo corporativo: O que é e qual sua importância

Inovação, boa comunicação e visão sistêmica são algumas das características de um empreendedor corporativo

Empreendedorismo corporativo, também conhecido como intraempreendedorismo, é um termo adotado por empresas para se referir àquele colaborador que possui competências e habilidades de um empreendedor, mas que se utiliza desses atributos para desenvolver a empresa onde trabalha.

É comum que as pessoas assimilem a palavra empreendedorismo ao ato de abrir o próprio negócio, mas nem sempre este verbete tem esse significado. É possível ser um funcionário e utilizar de atributos do empreendedorismo nesse contexto. Esse colaborador é conhecido como empreendedor corporativo.

As empresas hoje precisam de profissionais independentes, que tenham capacidade de autogestão, que vistam a camisa da empresa e que sejam considerados apoiadores da cultura e da missão da empresa. Essas características são identificadas em profissionais que trabalham competências e habilidades relacionadas ao empreendedorismo.

A partir disso, nasce então o conceito de empreendedorismo corporativo que une características de um profissional empreendedor para gerar benefícios tanto para ele quanto para a empresa. Se você ficou interessado em se aprofundar no assunto, é só continuar com a leitura.

O empreendedor corporativo é aquele colaborador que possui características de um líder, porém prefere utilizar essas competências, habilidades e aptidões para se desenvolver dentro de uma organização. 

Essa sua decisão está relacionada aos riscos de empreender por conta própria. Logo, este profissional tem os adjetivos de um empreendedor, mas busca pela segurança que a CLT proporciona.

Há algumas características que são bastante comuns nos empreendedores corporativos e que certamente irá reconhecer facilmente nos seus colaboradores:

Todo ano, o intraempreendedorismo é responsável pela geração de bilhões de reais, em diferentes mercados. Para se ter uma ideia, alguns cases de grandes marcas só existem porque a empresa entendeu a importância de incentivar seus colaboradores e investiu na ideia.

Facebook, Google, 3M, Dreamworks e Sony são alguns dos exemplos que tiveram grandes resultados ao adotar o empreendedorismo corporativo na sua cultura organizacional. Confira a respeito dessas cases.

O Facebook é uma empresa marcada por iniciativas inovadoras. Dentre as mais documentadas, porque levou ao crescimento exponencial da marca, está a Hack-a-Thons. 

É uma competição noturna voltada para os codificadores e engenheiros da instituição. Nesse programa, os profissionais são instigados a desenvolver uma ideia e um protótipo dela.

Em cada edição do evento surgem várias iniciativas de empreendedores corporativos. O botão “curtir” do Facebook, ícone da marca, nasceu a partir desse programa.

A cultura organizacional do Google inspirou e até hoje é fonte de influência para novos negócios. Tanto que ela já foi tema de filme.

“Os Estagiários”, lançado em 2013, tem como protagonista dois homens de aproximadamente 40 anos que são contratados como estagiários no Google. É uma 

obra cinematográfica que faz referência ao universo da empresa e evidencia como o Google é disruptivo e inovador não só na tecnologia, mas no âmbito de gestão de pessoas.

Conhecido como site de buscas, a empresa Google tem uma cartela de produtos grande. E alguns foram desenvolvidos por funcionários da empresa, como é o caso do Gmail. Criado por conta da cultura de incentivar colaboradores.

Todos os profissionais têm cerca de 20% do seu tempo para se dedicarem a projetos pessoais. Foi por causa disso que o então colaborador, Paul Buchheit, inventou o Gmail, um dos webmails mais conhecidos do mundo.

O case da 3M e a criação do post-it também surgiu neste contexto de empreendedorismo corporativo. A ideia inicial dos cientistas da 3M era desenvolver um adesivo para ser utilizado como tecnologia aeroespacial, mas no final o produto teve outro foco. Um papel adesivo que ao ser afixado não deixa resíduos, os conhecidos Post-is.

Sem um programa voltado para o reaproveitamento de ideias, esse projeto seria classificado sem sucesso, por não ter gerado o resultado esperado. Mas por estar aberta às novas ideias, a empresa soube muito bem transformá-lo em uma potência.

Mesmo após 30 anos de sua existência, o produto é visto como sinônimo de inovação. A própria 3M compartilha que o Post-it está entre os cinco itens de escritórios mais vendidos nos Estados Unidos. 

Dreamworks também é uma empresa que decidiu apostar em um programa de ideias. Profissionais de qualquer posição ou cargo têm a liberdade de atuar no processo de produção cinematográfica. Os interessados só precisam compartilhar suas ideias de longa-metragens.

Além dessa abertura, a empresa, conhecida por seus sucessos Hollywoodianos, como Shrek e Madagascar, promove diferentes cursos para seus colaboradores, a fim de que da própria empresa surjam novos artistas, que irão assinar as próximas animações de sucesso da corporação.

Em uma entrevista, Dan Satterthwaite, chefe de recursos humanos da Dreamworks, contou: “Desafiamos todos os nossos funcionários a serem seus próprios CEOs”. Uma prova de que a instituição sabe da importância e investe em empreendedorismo corporativo.

O PlayStation é o console mais vendido no mundo. O PS 2 especificamente lidera o ranking, com um total de vendas perto dos 158 milhões. Esses dados compartilhados pela VGChartz só existem hoje porque um funcionário júnior, Ken Kutaragi, fez algumas alterações no Nintendo de sua filha. 

Sim, o PlayStation já foi um Nintendo, mas por conta de um colaborador, ele foi modificado e lançado no mercado com um novo nome.

Os benefícios do empreendedorismo corporativo se estendem para a empresa e para o colaborador. Para a organização, o empreendedorismo corporativo reflete na redução de custos, retenção de talentos e no aumento da produtividade dos profissionais, além de alimentar a cultura de inovação.

As vantagens para os profissionais também são várias. Essa é uma maneira, por exemplo, do colaborador empreender sem que precise assumir as responsabilidades e estar sujeito aos desafios que abrir um próprio negócio requer.

O colaborador não precisará se preocupar com capital de giro para garantir a saúde de sua empresa, ou cumprir com as obrigações que envolvem a folha de pagamento. Ele também não precisará assumir diferentes funções, requeridas no começo de um negócio. E muito menos sofrerá com insegurança todos os meses de um salário incerto, o chamado pró-labore.

O profissional também tem a oportunidade de atuar em uma organização que já possui valores, missão e tem uma certa estabilidade no mercado e que possui um plano de desenvolvimento de carreira. Além disso, ele consegue aperfeiçoar as suas habilidades, competências e aptidões através de cultura de aprendizagem contínua e da experiência com demais colegas.

Se sua empresa tem interesse em apoiar o empreendedorismo corporativo, ela precisa saber algumas práticas que deve fazer. Antes de qualquer coisa, é preciso saber como está a cultura organizacional. 

A empresa deve investir em ações que possam melhorar a cultura organizacional, principalmente nesse aspecto de valorizar os profissionais, dar voz para suas ideias e abrir oportunidades para participações mais estratégicas.

A organização, ainda, precisa priorizar o desenvolvimento de líderes que estejam interessados e dispostos a fazer o empreendedorismo corporativo acontecer. Afinal, eles são as primeiras figuras responsáveis por incentivar os talentos da organização.

Ou seja, para que o empreendedorismo corporativo dê certo, antes de tudo é preciso saber se todas as partes envolvidas nesse processo estão cientes e motivadoras. Cada um precisa fazer sua parte.

É função da empresa fornecer toda uma estrutura para que o empreendedorismo corporativo possa ser implementado de forma efetiva. Essa estrutura pode advir de diferentes formas: através de treinamentos e desenvolvimentos; apoio psicológico; bonificações; promoções e mais.

Qualquer prática que a instituição investigue e conclua ser necessária. Isso depende muito da empresa e dos colaboradores que estão nelas, sendo importante fazer uma pesquisa com os próprios profissionais.

Geralmente, treinamento e desenvolvimento é uma etapa essencial para todas as organizações. Então cabe à empresa identificar as melhores metodologias, palestras e cursos que possam ser interessantes e implementar.

Os gestores têm como papel acreditar e investir na ideia. Todo conhecimento que eles possuem pode ser fonte para aperfeiçoar os empreendedores corporativos. Além disso, eles também devem ser uma inspiração para os demais profissionais, tanto por meio de palavras, como de exemplos e atitudes.

É papel dos colaboradores interessados nesse processo se dedicarem a aprender as competências e habilidades promovidas através do treinamento e desenvolvimento, e outras atividades da empresa. Além de compartilhar conhecimentos já adquiridos, assim como, fornecer feedbacks.

Todos os funcionários de uma empresa podem se tornar um empreendedor corporativo, pois esta é uma competência que se adquire. Para tanto, é necessário incentivar a aquisição de algumas habilidades.

O profissional intraempreendedor vê a empresa como um todo. Ele tem ciência de como os processos internos se integram e como os externos se associam. Por este motivo, ele consegue compreender qual é exatamente o seu papel e o dos demais profissionais.

Funcionários com visão sistêmica são colaborativos e mais integrados nas práticas estratégicas da organização, pois têm maior capacidade de analisar todos os contextos da empresa.

Criatividade para facilitar e inovar os processos burocráticos da corporação. Ideias para agregar na solução de problemas e liberdade para agir de forma autônoma e tomar decisões mais estratégicas. Essas são outras características identificadas em profissionais empreendedores.

Não é preciso dispor de um cargo de liderança para desenvolver essa competência. Pelo contrário, antes de liderar outras pessoas, o colaborador precisa se mostrar líder de si mesmo. Ser habilidoso nas suas tarefas, ter senso de curiosidade (no sentido positivo), saber ouvir e respeitar as diferenças.

Além desses atributos, ele deve se mostrar criativo, ousado, saber se comunicar com clareza, ter caráter, carisma e ser visto como inspiração para os demais profissionais da equipe.

Se fosse necessário resumir aspectos do senso de liderança que devem estar presente e ser praticado pelos empreendedores corporativos, é possível destacar quatro:

O profissional empreendedor corporativo é aquele que sabe argumentar, consegue expressar suas ideias e sugestões sem dificuldades, têm argumentos consistentes, baseados em fatos.

Clareza é o atributo que caracteriza sua comunicação. Assim como sua capacidade de alinhar sua fala aos diferentes contextos que está inserido.

Espírito inovador significa ter capacidade de enxergar “fora da caixa”, de trazer soluções disruptivas que vão além das alternativas comuns já conhecidas no mercado. É aquele que traz novidade para a empresa e para o nicho que está inserido.

Dispor de postura de dono significa adotar diversas práticas para conquistar os melhores resultados para a empresa, mesmo que isso possa significar um esforço maior.

Para que isso se torne realidade, a empresa precisa olhar para seus líderes com mais atenção. Quais são suas atitudes e sua forma de trabalhar; elas são coerentes com os objetivos da empresa? Eles valorizam os demais colaboradores?

Esses profissionais precisam saber quais as características positivas e negativas dos seus colaboradores, trabalhar os pontos de melhoria e valorizar os que já são bons.
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